Logo que saiu o
filme Histórias Cruzadas - The Help - me interessei muito por ele, mas descobri
que ele havia sido baseado em um livro e fiquei com vontade de lê-lo. Acabou
que por uma questão de acesso assisti ao filme antes de ler o livro e não me
arrependo, mesmo após ter lido ao livro.
Passaram-se dois
anos após eu ter assisto ao filme para eu poder ler o original e hoje vou falar
da minha experiência tanto de ter visto ao filme quanto da minha leitura.
Quando iniciei a
leitura de A Resposta eu tinha poucas recordações do filme o que não atrapalhou
em nada na minha leitura, claro que alguns acontecimentos eram muito marcantes
para eu poder esquecer.
O livro é todo
narrado sob três pontos de vista, dois de duas empregadas domésticas negras,
Albileen e Minny e o de uma jovem branca recém-formada em jornalismo, Skeeter. A
história se passa no Mississippi na década de 60 onde o racismo era algo bem evidente.
Naquele período era quase impossível mulheres negras terem outra profissão que
não fosse empregada doméstica, já as mulheres brancas que trabalhavam o faziam
para encontrar um marido. Albileen, uma das empregadas, em um determinado
momento relatou que teve que deixar a escola para poder trabalhar e ela já
esperava por isso, já que sua mãe foi empregada e a sua avó era escrava
doméstica.
A Resposta inicia-se com Albileen contando um pouco sobre a sua vida e rotina, mas a
história realmente começa quando Hilly – uma das patroas brancas – diz a patroa
de Albileen que está deveria construir um banheiro para negros na garagem de
casa. Este tipo de preconceito vem incomodando Skeeter – a jovem que se formou
em jornalismo – e após ela ter arrumado um emprego em uma coluna sobre cuidados
domésticos no jornal local por sugestão de uma grande editora ela começa a
escrever sobre a vida das empregadas da sua cidade.
“Escreva sobre aquilo que a incomoda,
sobretudo se isso não incomoda a mais ninguém.” Pág 96
Skeeter
acreditava que seria fácil conseguir entrevistar estas mulheres, mas isso era
um risco muito grande e muitas não aceitaram a proposta facilmente.
Não irei me
alongar na história do livro, pois acho que ele é muito mais amplo que isso,
quero apenas mostrar algumas coisas interessantes de se observar naquela
sociedade.
O preconceito
racial era tanto que os negros não podiam de forma alguma utilizar os mesmos
talheres, pratos e copos que os brancos. Em um determinado momento um negro é
espancando e acaba cego só por ter utilizado um banheiro público de brancos.
Estamos falando de uma época em que a Ku Klux Klan, ou KKK, estava em atuação e
Martin Luther King Junior lutava pelo direto dos negros.
Falar-se em
direitos civis para negros era crime e se reunir com eles era muito perigoso,
pessoas que o faziam tinha as casas incendiadas, perdiam empregos e amigos.
Negros e brancos
não frequentavam as mesmas escolas, bibliotecas ou clubes, neste ultimo caso só
podiam comparecer se estivessem a trabalho e uniformizadas. Aliás um branco não
podia casar-se com um negro.
Porém o ódio que
os negros recebiam dos brancos era recíproco, da parte dos negros ele existia
por todo o sofrimento que foram submetidos e no dos brancos por eles estarem
presos ao seu tempo.
Mas durante a
leitura percebemos que apesar do preconceito racial ser o foco principal do
livro, ele também vai tratar do preconceito de gênero. Uma coisa que fica bem
claro é o papel da mulher, ela foi criada para casar, ter filhos, cuidar da
casa e do marido. Seus empregos são sempre os de cargos mais simples e com
menores salários, mesmo quando ocupavam o mesmo cargo de um homem.
“- O que... você quer, Skeeter? - perguntou
ele, e eu estava meio tensa nesse momento, esperando que ele não estivesse
planejando se embriagar de novo.
- Vou tomar uma coca-cola. Com bastante
gelo.
- Não. - Ele sorriu - Quero dizer... na
vida. O que você quer?
Respirei fundo, sabendo o que mamãe me
aconselharia a dizer: filhos fortes e saudáveis, um marido de quem cuidar,
eletrodomésticos novos e reluzentes, com os quais eu possa cozinhar refeições deliciosas
e saudáveis." pág 225
Neste trecho me
foi praticamente impossível não recordar do filme O Sorriso de Mona Lisa.
Todas essas
coisas ocorrem enquanto o mundo está em processo de evolução, acabaram de criar
a pílula anticoncepcional, latinhas com abridor e o homem fez sua primeira
viagem ao espaço, mas levantar questionamentos sobre a sociedade ainda era
errado, será que pensar também não é?
Ao ler este
livro percebemos que ele foi um excelente resultado de um processo de pesquisa
e a autora tem muita propriedade para falar o que foi dito, já que ela própria
cresceu no meio desta sociedade. É importante dizer que ela cresceu sobre os
cuidados de uma empregada negra. A escrita em momento algum perde o fôlego e o
desejo de lê-lo só aumenta. Quase perdi a hora para o trabalho de tão imersa
que fiquei na leitura.
Sobre o filme:
Assisti novamente
a adaptação após a leitura do livro. Apesar de ter alguns pontos que
se distanciaram muito do livro, e alguns destes eram até fundamentais,
considerei o filme satisfatório. Algumas partes eu acho que quem leu o
livro antes consegue compreender melhor e posso dizer que ele não mostra toda a
opressão que é narrada no livro, como por exemplo, o afastamento das amigas de
Skeeter, mas ainda assim gosto muito do filme.
Ps.: Em um post meu no Instagram minha amiga Aldrêycka comentou algo que eu pensei em dizer no post, mas acabei deixando passar, mas venho corrigir o erro. A tradução do título tanto filme quanto livro ficaram horríveis, no livro existe todo um trocadilho com o título, o que não deu certo por aqui.
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