segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Resposta - Kathryn Stockett



Logo que saiu o filme Histórias Cruzadas - The Help - me interessei muito por ele, mas descobri que ele havia sido baseado em um livro e fiquei com vontade de lê-lo. Acabou que por uma questão de acesso assisti ao filme antes de ler o livro e não me arrependo, mesmo após ter lido ao livro.

Passaram-se dois anos após eu ter assisto ao filme para eu poder ler o original e hoje vou falar da minha experiência tanto de ter visto ao filme quanto da minha leitura.

Quando iniciei a leitura de A Resposta eu tinha poucas recordações do filme o que não atrapalhou em nada na minha leitura, claro que alguns acontecimentos eram muito marcantes para eu poder esquecer.

O livro é todo narrado sob três pontos de vista, dois de duas empregadas domésticas negras, Albileen e Minny e o de uma jovem branca recém-formada em jornalismo, Skeeter. A história se passa no Mississippi na década de 60 onde o racismo era algo bem evidente. Naquele período era quase impossível mulheres negras terem outra profissão que não fosse empregada doméstica, já as mulheres brancas que trabalhavam o faziam para encontrar um marido. Albileen, uma das empregadas, em um determinado momento relatou que teve que deixar a escola para poder trabalhar e ela já esperava por isso, já que sua mãe foi empregada e a sua avó era escrava doméstica.



A Resposta inicia-se com Albileen contando um pouco sobre a sua vida e rotina, mas a história realmente começa quando Hilly – uma das patroas brancas – diz a patroa de Albileen que está deveria construir um banheiro para negros na garagem de casa. Este tipo de preconceito vem incomodando Skeeter – a jovem que se formou em jornalismo – e após ela ter arrumado um emprego em uma coluna sobre cuidados domésticos no jornal local por sugestão de uma grande editora ela começa a escrever sobre a vida das empregadas da sua cidade.

“Escreva sobre aquilo que a incomoda, sobretudo se isso não incomoda a mais ninguém.” Pág 96

Skeeter acreditava que seria fácil conseguir entrevistar estas mulheres, mas isso era um risco muito grande e muitas não aceitaram a proposta facilmente.

Não irei me alongar na história do livro, pois acho que ele é muito mais amplo que isso, quero apenas mostrar algumas coisas interessantes de se observar naquela sociedade.

O preconceito racial era tanto que os negros não podiam de forma alguma utilizar os mesmos talheres, pratos e copos que os brancos. Em um determinado momento um negro é espancando e acaba cego só por ter utilizado um banheiro público de brancos. Estamos falando de uma época em que a Ku Klux Klan, ou KKK, estava em atuação e Martin Luther King Junior lutava pelo direto dos negros.

Falar-se em direitos civis para negros era crime e se reunir com eles era muito perigoso, pessoas que o faziam tinha as casas incendiadas, perdiam empregos e amigos.

Negros e brancos não frequentavam as mesmas escolas, bibliotecas ou clubes, neste ultimo caso só podiam comparecer se estivessem a trabalho e uniformizadas. Aliás um branco não podia casar-se com um negro.

Porém o ódio que os negros recebiam dos brancos era recíproco, da parte dos negros ele existia por todo o sofrimento que foram submetidos e no dos brancos por eles estarem presos ao seu tempo.

Mas durante a leitura percebemos que apesar do preconceito racial ser o foco principal do livro, ele também vai tratar do preconceito de gênero. Uma coisa que fica bem claro é o papel da mulher, ela foi criada para casar, ter filhos, cuidar da casa e do marido. Seus empregos são sempre os de cargos mais simples e com menores salários, mesmo quando ocupavam o mesmo cargo de um homem.

“- O que... você quer, Skeeter? - perguntou ele, e eu estava meio tensa nesse momento, esperando que ele não estivesse planejando se embriagar de novo.
- Vou tomar uma coca-cola. Com bastante gelo.
- Não. - Ele sorriu - Quero dizer... na vida. O que você quer?
Respirei fundo, sabendo o que mamãe me aconselharia a dizer: filhos fortes e saudáveis, um marido de quem cuidar, eletrodomésticos novos e reluzentes, com os quais eu possa cozinhar refeições deliciosas e saudáveis." pág 225

Neste trecho me foi praticamente impossível não recordar do filme O Sorriso de Mona Lisa.

Todas essas coisas ocorrem enquanto o mundo está em processo de evolução, acabaram de criar a pílula anticoncepcional, latinhas com abridor e o homem fez sua primeira viagem ao espaço, mas levantar questionamentos sobre a sociedade ainda era errado, será que pensar também não é?

Ao ler este livro percebemos que ele foi um excelente resultado de um processo de pesquisa e a autora tem muita propriedade para falar o que foi dito, já que ela própria cresceu no meio desta sociedade. É importante dizer que ela cresceu sobre os cuidados de uma empregada negra. A escrita em momento algum perde o fôlego e o desejo de lê-lo só aumenta. Quase perdi a hora para o trabalho de tão imersa que fiquei na leitura.



Sobre o filme:



Assisti novamente a adaptação após a leitura do livro. Apesar de ter alguns pontos que se distanciaram muito do livro, e alguns destes eram até fundamentais, considerei o filme satisfatório. Algumas partes eu acho que quem leu o livro antes consegue compreender melhor e posso dizer que ele não mostra toda a opressão que é narrada no livro, como por exemplo, o afastamento das amigas de Skeeter, mas ainda assim gosto muito do filme.





Ps.: Em um post meu no Instagram minha amiga Aldrêycka comentou algo que eu pensei em dizer no post, mas acabei deixando passar, mas venho corrigir o erro. A tradução do título tanto filme quanto livro ficaram horríveis, no livro existe todo um trocadilho com o título, o que não deu certo por aqui.

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