Em uma conversa com uma pessoa sobre os livros que lia e resenhava ela
questionou que nenhum destes tivesse alguma relação com a luta contra o
racismo. O motivo para isso é simples: fiquei durante um ano e meio escrevendo
sobre o assunto para o meu trabalho de conclusão de curso. Ainda assim não acho
que por ser negra eu só tenha que ler e escrever sobre o assunto, a literatura
não é para mim uma forma de levantar bandeira, mas sim meu passatempo e meu
descanso, claro que também utilizo como forma de obter conhecimento e outras finalidade, mas não é o principal. Após dois anos de formada por puro deleite resolvi ler O Sol é para
todos e é sobre ele que vou fala neste post.
A história se
passa no estado do Alabama no Sul dos Estados Unidos, local onde a sociedade é
marcada pelos seus preconceitos raciais e sociais. Cada classe tem o seu lugar.
A narrativa se dá sobre o ponto de vista de uma menina de seis anos conhecida
como Scout que vive com o irmão Jem e o pai que é advogado, Atticus. O inicio
vai contar o cotidiano desta cidade e a rotina das crianças na escola, suas
brincadeiras.
Uma das coisas curiosas
de se saber: existe um personagem que é um mistério para todos, ele nunca sai
de sua casa e por isso as crianças sentem medo dele e criam fantasias com
relação a ele e sentem muito medo dele. Em quase todo o livro eu torci pelo seu
aparecimento.
"Porque fomos derrotados há cem anos, não significa que agora não possamos tentar ganhar."
Na segunda parte
do livro acontece o fato mais marcante. Um negro foi acusado de violentar uma
jovem branca e a partir de então vamos acompanhar o caos que isso causou na família
de Fintch, pois ele foi designado a ser o advogado de defesa. A família Fintch
que até então era muito respeitada passa a sofrer pequenas represálias e muitas
delas são direcionadas as crianças. E acompanhamos todo o tribunal e aqui tá a
parte mais sensacional do livro. E aqui vamos percebemos o quanto as pessoas
podem ser cruéis.
"Coragem é saber que estamos perdendo a partida, mas recomeçar na mesma e avançar incondionalmente até o fim. Raramente se ganha, mas às vezes conseguimos."
Ao decorrer da
história percebemos que o acusado é inocente, mas será que isso fará alguma
diferença?
A narrativa de
Harpe Lee é capaz de encher nossos olhos de lágrimas diversas vezes. É
impossível não se comover com a ingenuidade de Scout, o julgamento e todo o
cotidiano daquela cidade. A beleza da inocência da infância, a formação do caráter
de um adolescente e a sabedoria de Atticus.
"Alguns pretos mentem, alguns pretos são imorais e alguns homens pretos são perigosos para as mulheres... brancas ou pretas. mas esta verdade aplica-se à raça humana e não a uma raça específica."
Por toda a sua
riqueza, a esperança que O sol é para todos nos proporciona e muitos outros
motivos este livro deve ser lido. E a minha maior tristeza é saber que Lee não
escreveu outros livros.
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